2 ou 12?

Quando se decide adotar uma criança com idade mais avançada é preciso estar ciente que esse serzinho vai precisar renascer! Sim, no novo lar, na nova família, essa criança vai precisar reviver todas as etapas da vida para que consiga se sentir integrada e pertencida. E isso independe da idade cronológica. Nós conhecemos nossa filha mais velha quando ela tinha 10 anos. Fez 11 logo que iniciamos o estágio de convivência. Os 12 anos vieram num momento bem mais avançado do nosso relacionamento. Para mim, era mesmo como se fosse na verdade a celebração de 2 anos dela. Eu ainda estava descobrindo minha filha, os gostos, os sinais de comportamento… ao longo dessa breve jornada ela já havia deitado algumas vezes em posição fetal sobre a minha barriga (na verdade ficava sobre quase meu corpo inteiro, uma vez que ela é enorme!rs), já tinha pedido colo várias vezes, assim como para eu lavar o cabelo dela, dar comida na boca, pentear o cabelo… não numa sequência, mas conforme o relacionamento ia avançando, novos passos iam sendo dados nessa criação de laços.
O aniversário de 12 anos acabou sendo um marco interessante. Foi nossa segunda comemoração juntos, mas foi o primeiro com amigos da escola, o primeiro em que ela era o foco das atenções estando realmente fora do abrigo. Foi lindo de ver. Não foi um festão, foi um encontro de amigos e família, mas cada coleguinha que chegava, ela fazia questão de apresentar todos que estavam lá. Todos! Não teve quem não notasse o orgulho dela em dizer “MINHA tia”, “MEU primo”. Ela estava radiante. Eu nunca tinha visto tamanho brilho no olhar da minha menina. Naquele dia, ela repetiu que me amava dezenas de vezes (Arrisco dizer que quase chegou a completar uma centena! Rs). Determinado momento até respondi pra ela “filha, eu sei que você me ama, mas acredite, isso tudo é ansiedade! Relaxa que vai dar tudo certo!”.

Graças a Deus, deu mesmo! Ela se divertiu muito, brincou, ganhou presentes e gravou na memória como um grande dia! Que venham muitos outros.