A morosidade da justiça

Um processo de adoção demora bastante, essa é a realidade. A bem da verdade, não é possível precisar quanto tempo vai levar entre você iniciar o processo burocrático e a chegada do seu filho. É que além de todo o trâmite legal, tem o curso preparatório e a espera na fila. Essa última parte vai depender muito da quantidade de pessoas na fila e do perfil escolhido pelos pais adotivos. No nosso caso, demorou um pouco mais de três anos. No entanto, é importante saber que depois do seu filho chegar, vem a etapa do estágio de convivência. Essa vai levar o tempo necessário para a justiça ter certeza de que ambos os lados, filho e pais, estão certos da decisão e que vai ser o melhor para todos. Quanto menor a criança, a tendência é de que esse estágio seja mais rápido, inversamente ao que acontece quando o filho é mais velho, caso em que ele vai precisar ser ouvido.

Atualmente, é nessa etapa em que estamos. Lá se vai um ano. Sim, um ano e o processo não foi finalizado. Um ano e os documentos deles continuam com os nomes dos pais biológicos, gerando uma série de constrangimentos. Um ano de geração de incertezas no coração e na cabeça de nossos filhos. E foi exatamente nessa etapa que encontramos a maior dificuldade processual. Além de ser uma etapa morosa, ainda tivemos nossa audiência desmarcada sem aviso prévio.

O pior não é prolongar o processo e retardar o fim dele. O pior é a incerteza que isso causa, principalmente num coração aflito de uma menina de 11 anos. Muitas perguntas surgem. Está acontecendo algum problema? Será que vou ter de voltar para o abrigo? O que poderia ser apenas mais um atraso de justiça traz uma série de questionamentos e reações emocionais. São noite sem dormir, alteração de comportamento… Hoje estamos lutando para que a próxima audiência seja realmente antecipada, não demore meses para acontecer.

A angústia da espera. Sim, já estamos com nossos filhos. Mas precisamos vender essa etapa, a etapa do “papel” , como diz nossa princesa. Só com o “papel” poderemos batiza-los, eliminar barreiras burocráticas desde o atendimento médico à escola.

Seguimos com o que nos resta: esperar. Mas seguimos com fé, amor e união. Como faz uma família!