Écomum ver as pessoas reclamarem do tempo que a justiça demora para concluir processos. Na vara de família não é diferente. Mas será que isso é de todo ruim? Vamos por partes. É preciso entender que um processo de adoção transforma para sempre a vida de muitas pessoas: pais, filhos e familiares. Algo tão delicado, não pode ser feito a toque de caixa! É preciso tempo de maturar as ideias, os sentimentos, organizar a vida. Nós passamos pouco mais de três anos entre o dia em que demos entrada nos papéis e o momento em que pudemos levar nossos filhos para casa, ainda no estágio de convivência. Olhando para trás, sim, demorou. No entanto, confesso que se tivesse acontecido antes, talvez não estivéssemos preparados para a mais louca jornada de nossas vidas.
Por isso, se você decidiu agora entrar num processo de adoção, saiba exatamente o que fazer com o seu tempo de espera:
– Pense e repense sobre o perfil do seu filho. A escolha não pode ser emocional, afinal é uma decisão para a vida toda. Mantendo em mente que adoção não é caridade, faça uma escolha consciente, com a qual você consiga lidar diante de todas as possíveis situações que possam surgir.
– Prepare sua família e todos que vivem ao seu redor. As pessoas precisam saber o que está prestes a acontecer na sua vida! Elas precisam entender que um filho também pode vir sem ser de uma barriga visível. Precisam ter tempo de fazer as perguntas mais inesperadas possíveis. Seu emprego precisa estar ciente que você terá uma licença maternidade/paternidade. Cheque com seu plano de saúde as condições para incluir seu filho.
– Prepare seu coração para uma mudança de rotina que é para sempre! Não tem hora marcada, não tem data certa, não tem manual… a única certeza é que, de repente (porque apesar de sabermos que vai acontecer, quando de fato acontece é de repente) você vai se deparar com a missão de ser mãe/pai com todas as demandas, preocupações, obrigações e, claro, as surpresas maravilhosas da conquista de um novo amor.
Portanto, não lamente a espera. Use o tempo a seu favor para preparar a casa, a vida e o coração para a chegada do(s) seu(s) filho(s).
Uma curiosidade: desde o início, tínhamos o quarto que seria das crianças, mas ele estava vazio e pintado de branco, esperando as definições exatas de idade e sexo das crianças. Quando elas chegaram, precisamos “acampar” no nosso quarto porque levamos ainda uns dez dias para conseguir preparar as instalações como queríamos que fossem.